quinta-feira, 10 de novembro de 2011

'Falam que somos uma banda cover de nós mesmos', diz Alice in Chains




Quando Layne Staley morreu em 2002, vítima de uma overdose de cocaína e heroína, muita gente decretou o fim do Alice in Chains. Seria difícil mesmo uma banda seguir sem seu vocalista.


Três anos depois, os remanescentes convocaram William DuVall para o posto deixado por Staley. Em 2009, lançaram o disco "Black gives way to blue" e agora tocam no festival SWU, no dia 14 de novembro, em Paulínia (SP).


As músicas dos anos 90 que fazem lembrar os tempos do grunge, cena associada à cidade de Seattle e ao peso de grupos como Nirvana e Pearl Jam, têm a companhia de novas faixas. O primeiro disco de estúdio em 14 anos trouxe para o repertório músicas como "Check my brain" e "A looking in view".


Em entrevista por telefone ao G1, Sean Kinney, baterista e um dos fundadores do Alice in Chains, diz que jornalistas brasileiros só querem falar com ele sobre grunge e conta que enfrenta muita hostilidade por ter escolhido continuar com o grupo.


G1 - Onde você está e o que estava fazendo antes desta entrevista?



Sean Kinney - Eu estava em outras entrevistas. Desculpe, mas você não é meu primeiro... Estou em Seattle. Estou trajando um vestido de formatura. [Risos]


G1 - O que espera do SWU?


Kinney - Estivemos aí há alguns anos. Foi tudo o que ouvimos e um pouco mais. Os fãs são intensos. Você não vai perguntar sobre grunge? Os jornalistas brasileiros só falam comigo sobre grunge... Você vai falar sobre isso também? Aí embaixo [na América do Sul] estão falando bem ou mal dessa tal "noite do grunge" do festival? [risos]


G1 - Estão falando bem, claro. [risos]


Kinney - Nunca nos levamos muito a sério, nunca nos achamos rockstars. Não estávamos e não estamos preparados para tudo isso. É uma honra fazer parte disso.


G1 - Você vai tocar no mesmo dia de Primus, Stone Temple Pilots, Sonic Youth, Faith No More e outras bandas dos anos 90. É uma boa época para grupos dessa década?


Kinney - Acho que sim. Estou animado com o line-up. Vai ser ótimo dividir o palco com bandas que gostamos. Será a grande noite dos anos 90! Vamos tocar algumas daqueles tempos.


G1 - Vocês já saíram em turnê com o Duff McKagan, que também toca no dia 14 de novembro no SWU. Alguma chance de ele fazer uma participação no show?



Kinney - Sempre tem. Além dele, há ótimas pessoas na programação. Nunca sabemos o que acontece. O Duff é sempre bem-vindo e outros músicos também são. Não dá para prever, esse tipo de coisa nunca é planejada. O Duff teve que aprender todas as músicas do Alice in Chains para a nossa turnê conjunta, ele tinha um caderninho com os riffs. Ele conhece tudo o que tocamos. Só descobri agora que tocaremos no mesmo dia, temos que combinar algo...


G1 - O que mudou na banda com a entrada do William DuVall?



Kinney - Temos uma nova dinânica. Ele é talentoso, tem algo natural. Tudo funcionou bem. Ele pensa como nós pensamos.


G1 - Mesmo com a troca de vocalista, vocês mantêm um público fiel...


Kinney - Há muita hostilidade ainda. Todo mundo tem uma opinião cheia de preconceitos sobre nós. Falam que somos como uma banda cover de nós mesmos, dizem um monte de m... sobre nós. Mas queremos provar o contrário. Fazemos as coisas do jeito que fazíamos. É ótimo poder mostrar que estamos bem, que tudo está dando certo. Ainda somos uma banda. Tentamos continuar mantendo tudo simples. Não dá para fazer todos gostarem.


G1 - Você se lembra como e quando foi a primeira vez que ouviu William cantando?


Kinney - Foi em um disco da banda anterior dele. A banda dele ia tocar, e eu estava em uma turnê solo. Eu não lembro de como me senti. Ele apareceu de surpresa. Eu pensei: "que mauzão". Ele não estava emulando ninguém... Fiquei impressionado. Passamos a andar juntos e fazíamos ensaios. Fizemos shows de caridade e coisas assim. Ele começou a fazer parte naturalmente da banda. Não tem como forçar esse tipo de relação.


G1 - Qual tipo de música você acredita que estariam tocando se Staley ainda estivesse no Alice in Chains?


Kinney - Eu não tenho ideia. Seríamos nós mesmos ainda. Ainda parecemos com o que éramos. Não tentamos ser outra banda. Sinto falta dele. Para sempre ele vai fazer falta. Estaríamos fazendo algo parecido. Mas sinto falta mais das pessoas, a banda fica em segundo plano. Não perdemos só um cantor... Perdemos um amigo e um cara incrível.





Fonte: http://g1.globo.com/swu/2011/noticia/2011/11/falam-que-somos-uma-banda-cover-de-nos-mesmos-diz-alice-chains.html
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