domingo, 27 de janeiro de 2013

Bandas Brasileiras que cantam em inglês rebatem crítica de Jack Endino

Andreas Kisser


Músicos brasileiros que tiveram sucesso cantando em inglês rebatem as críticas feitas pelo produtor Jack Endino nesta quarta-feira (23) a bandas do país que optam pela língua inglesa. “Nunca vai dar para vocês fazerem sucesso fora do Brasil, e eu não vejo como vai fazer sucesso dentro. Sei que o Sepultura conseguiu, mas o inglês deles era excelente”,escreveu Endino.

A crítica foi feita após a banda paraibana Noyzy enviar um link de música sua para o produtor.

Um dos grupos mais citados em 2,5 mil comentários no post de Endino como exemplo de brasileiros com sucesso em inglês é o CSS. Os paulistas se destacaram na cena alternativa em 2005 e assinaram com o selo dos EUA Sub Pop, com o qual Endino trabalhou.

Adriano Cintra, ex-CSS, autor de “Let´s make love and listen death from above”, 6º melhor faixa de 2006 para a revista inglesa “NME”, ironiza: “Não conheço esse senhor, tinha a impressão de que ele tinha outros tipos de preocupação. Eu sou uma pessoa libertária, acho que pode tudo, até Crocs”, brinca. Hoje Adriano toca no duo Madrid, também com letras em inglês.

O Sepultura, citado por Jack Endino como exceção, também não concorda com o norte-americano. O guitarrista Andreas Kisser diz: “O lance de cantar em inglês não é coisa somente de brasileiro”, diz citando alemães Scorpions e Accept no heavy metal. “O inglês se tornou a língua do rock.”

Andreas dá razão ao produtor, entretanto, em um ponto. “Realmente o inglês tem que ser compreensível, com o cuidado de saber a gramática para não achar que está falando uma coisa e passando outra. Tem muito rap americano que nem eles entendem, cheio de gíria e duplo sentido. No final é o ritmo que importa.”

Outra banda citada nos comentários é a de heavy metal melódico Angra. Edu Falaschi, ex- Angra e atual vocalista do Almah, diz que o post foi “preconceituoso”. "Bandas gigantes também tinham inglês ‘ruim’ aos ouvidos dos EUA. Por exemplo, o Scorpions, alemão, no início era motivo de piada por causa do sotaque germânico de Klaus Meine; o A-ha, norueguês, cantou em inglês errado ‘take on me, take me on’. Kurt Cobain, americano, cantava em inglês tão ‘arrastado’ que nem os próprios entendiam suas palavras”.

Alex Camargo, vocalista do Krisiun, outra banda de heavy metal brasileira reconhecida no mundo com letras em inglês, também acha que houve preconceito do produtor dos EUA. “Esse cidadão foi arrogante e preconceituoso ao tentar chamar atenção com uma opinião descabida sobre algo que pelo jeito não conhece.”

'Desafio maior em português'
A curitibana Bonde do Rolê também fez sucesso na cena alternativa mundial, mas com letras em português como “Solta o frango”. No segundo disco, “Tropical/bacanal”, fez letras em inglês. “Acho escrever bem em português um desafio muito maior”, admite o vocalista Pedro D'eyrot. “O inglês tem uma sonoridade musical bem mais simples, é muito mais fácil de rimar.”

“Nesse disco em que cantamos em inglês, percebo que realmente muitas pessoas de fora não entendem o que a gente canta no show”, continua Pedro. “Mas não sei dizer se isso é devido ao meu inglês ruim (que eu jurava ser bom) ou ao fato de sermos uma banda de ‘baile punk’ que berra no microfone e é transmitida em caixas de som podres. Sempre vai ser um mistério”.









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