Entre as coisas com as quais antigos fãs implicam quando uma banda assina com uma gravadora major é que se desequilibra a balança entre o que é feito para vender e o que é intrínseco à própria banda.
O Rancore não se deixou levar por esse caminho – pelo menos não na concepção de Seiva, terceiro álbum do grupo, lançado oficialmente no último sábado (30), no Hangar 110, em São Paulo, pela Deck Disc.
Sentado no palco com a reportagem do R7 após o show, o vocalista Teco explicou como seu processo de composição não se perdeu na concepção do álbum.
- Não sou um cantor de muita técnica, sou toscão. Então, ao menos quando estou compondo, acredito em cada frase. Me entreguei tanto para cantar aquilo que essa acaba sendo a minha grande técnica.
Seiva é mesmo um disco interessante, mas funciona melhor ao vivo. A prova foi dada no lendário Hangar 110, que teve o final de semana reservado para a banda, sendo que a primeira data teve ingressos esgotados cerca de um mês antes do show.
As frases de efeito de Liberta, lançado em 2009, deram espaço para mensagens que não impactam de cara como em Respeito é a Lei e Canto Gritando. Elas pedem mais tempo para ser digeridas.
Ritual e Planto, por exemplo, abrem o disco como quem está com o sangue quente por grandes conquistas. O single Jeito Livre continua na mesma linha, apesar da pegada mais pop.
Se em 2008 Teco homenageou o avô com Cresci, desta vez ele lembrou das mulheres. Em Mãe, aproveita para falar também da avó e de uma das frases que deve ficar na cabeça dos fãs: “olho vivo e faro firo”.
- Desde pequeno, todos os dias, minha avó me diz isso. Então a primeira parte desta letra foi muito fácil. Essa música é para elas mesmo. Minha mãe diz que não gosta, mas hoje ela estava cantando [no camarote, ela era de longe a mais empolgada entre os familiares].
Mesmo comedido no palco, talvez pela tensão da estreia, Teco não perdeu sua essência. O tesão do publico pôde ser medido não só pelas 12 novas músicas, tocadas na sequência do álbum e cantadas do começo ao fim, mas também pela quantidade de stage diving [pulos do palco] dados pelos fãs: mais de 250 em uma hora e dez minutos de show.
No estúdio, a evolução também é clara. Com mais tempo, estrutura e comando de Rafael Ramos, o som mudou. O próprio produtor, que acompanhou o show, explica.
- No Liberta, eles ainda eram muito referenciais ao hardcore, mas percebi que tinham um potencial além disso.
É verdade: a banda encontrou timbres mais peculiares. Mas, para Candinho, tudo aconteceu de forma natural. A preparação foi feita em um estúdio montado na garagem do próprio guitarrista.Ele credita parte da mudança aos novos integrantes, explicando que o guitarrista Gustavo é um “estudioso em pedais” de guitarra
O novo baixista, Rodrigo Caggegi também tem presença forte. Além de ser parceiro de Teco na maioria das letras [nos dois primeiros álbuns, o vocalista compôs tudo], é fácil perceber que o baixo ganhou mais força. E, para Rafael Ramos, Alê é o melhor baterista do Brasil no momento.
Um novo caminho promete se abrir para o Rancore, após quase um ano do início da produção do recém-lançado Seiva. A música vai chegar às rádios e deve atrair mais fãs, mais mídia e tudo o que envolve a vida de um artista grande. Se depender deles, tudo continará como em Samba:
- Já é, entrei na dança/ E não vou deixar cair / Esse meu samba tem raiz / E nesse desafio, eu me equilibro.
Abaixo dois videos o primeiro da musica RESPEITO É A LEI e o segundo é uma musica do novo cd deles o nome da musica é PLANTO.
Fonte: http://entretenimento.r7.com/musica/noticias/rancore-mostra-evolucao-em-novo-album-seiva-20110505.html